O canto distante da sariema encompridava a tarde.
E porque a tarde ficasse mais comprida a gente sumia dentro dela.
E quando
o grito da mãe nos alcançava a gente já estava do outro lado do rio.
O pai
nos chamou pelo berrante.
Na volta
fomos encostando pelas paredes da casa pé ante pé.
Com
receio de um carão do pai.
Logo a
tosse do vô acordou o silêncio da casa.
Mas não
apanhamos nem.
E nem
levamos carão nem.
A mãe só
que falou que eu iria viver leso fazendo só essas coisas.
O pai
completou: ele precisava de ver outras coisas além de ficar ouvindo só o canto
dos pássaros.
E a mãe
disse mais: esse menino vai passar a vida enfiando água no espeto!
Foi
quase.
Descanse
encantado no meio das tuas poesias menino Manoel! Obrigada por tanta beleza,
por tanto lirismo, por tanto amor, por tanta simplicidade e por representar
divinamente a infância.
"Porque
me abasteço na infância e minha palavra é Bem-de-Raiz e bebe na fonte do
ser" (Manoel de Barros)
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