Qual a lembrança você guarda de seus avós? Eu tenho
várias, mesmo que três deles tenham morrido cedo. Mesmo assim, é impressionante
observar o quanto eles influenciam nas coisas que fazemos.
De meu avô paterno, o primeiro a morrer, ficaram os
ensinamentos de xadrez, que ele dizia ser uma atividade de concentração. É
claro que me ensinar às regras do jogo nada mais era do que uma estratégia de
me manter em silêncio e sem quebrar muita coisa da casa durante os almoços de
domingo.
Dos meus avós maternos, de sangue libanês,
lembro-me principalmente da mesa farta, o tempero inigualável, o charuto de
folha de uva e o quibe cru. Mas é com minha avó paterna, no auge de seus 95
anos, que mais aprendo — afinal, é a que mais convivi.