Como historiadora e professora, me baseava para falar sobre Povoamento ou Descobrimento do Brasil, nas pesquisas do saudoso Darcy Ribeiro, um dos poucos autores a lembrar da existência desses povos. No entanto, para chegar aos alunos, percebia que teorias nem sempre funcionavam.
Sendo assim, no dia do Índio lembro-me sempre de um aluno que
tinha todas as características de um índio, inclusive o nome, mas não se
reconhecia indígena. Percebia a resistência deste jovem ao assunto, nas aulas
com a turma, eu como professora reforçava o discurso de valorização e abordava
todos os legados e contribuições deixadas pelos indígenas para formação do povo
brasileiro, mas não adiantava, o aluno negava veementemente qualquer relação
com os povos indígenas.
Certo dia, levei a música “Todo dia era dia de Índio” para
trabalharmos em sala num projeto que criei justamente para amenizar os
preconceitos que todos nós carregamos a cerca destes povos. Novamente fui
surpreendida quando este aluno me perguntou: “qual era o lado positivo de ser
índio no Brasil?”. Eu não tive palavras para responder a esta pergunta e calei.
Como ele eu também não sabia e ainda hoje continuo sem saber.
Lamento o fato da Lei 11.645 ser ainda um documento
paralitico, de muita teoria com pouca ou nenhuma prática dentro das escolas
brasileiras. De qualquer forma, hoje é dia do índio ou dos que restaram neste
país, sem políticas públicas de proteção aos seus cidadãos e principalmente aos
primeiros habitantes do Brasil.
Que os próximos dias sejam dias de negros, índios e brancos!
Texto: Ana Carla Nunes
Vídeo: Internet
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