Clementina de Jesus é considerada uma
das vozes mais bonitas, pitorescas e importantes da Música Popular Brasileira.
Clementina nasceu pobre em 1901 na
periferia do Rio de Janeiro, teve uma infância muito difícil por ter sido filha
de escravos, trabalhou como doméstica por mais de 20 anos e contribui para o
surgimento da escola de Samba Portela.
Foi descoberta na década de 60, com mais de 60 anos de idade, pelo compositor Hermínio Bello de Carvalho, que descobriu na sua
voz elementos raros e de valores culturais que remetem as tradições da África.
Clementina fez sucesso durante alguns (poucos)
anos, rodou o Brasil, foi reconhecida nas rodas de samba e de partidos altos,
onde ainda hoje é considerada rainha. Ela trouxe para a música popular elementos
muito forte do jongo, corimás, ladainhas, sambas, cantos de trabalhos, além de
danças e sonoridades que nos conecta diretamente com a África e com os
africanos que aqui viveram como escravos nos períodos de colonização de nosso
país. Clementina é com certeza uma divisão importante nesta religação com a
cultura entre estes dois países.
Rainha Ginga e Quelé, são títulos que
lhes eram conferidos, e que demonstravam sua imponência dentro e fora da MPB.
Quelé foi homenageada por nomes como
Milton Nascimento, Caetano, João Bosco, Alceu Valença, e embora tivesse
reconhecimento pelo valor do seu trabalho em todo cenário cultural e até
internacional, a artista nunca vendeu muitos discos, talvez por só gravar
músicas de apelo cultural e folclórico, o que nunca interessou a grande massa e
as grandes gravadoras.
Clementina como parte dos artistas
negros desta geração faleceu em 1987, com 86 anos, pobre, doente e praticamente
esquecida, mesmo trazendo inúmeras contribuições para a música, o folclore, e a
cultura nacional.
Neste mês da Consciência Negra, é impossível
não viajar para África, através da sua voz precisa, cheia de beleza e ancestralidade.
Texto: Ana Carla Nunes é Historiadora, Turismóloga e pesquisadora de festas populares.
Fotos e Vídeo: Internet.
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